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Transportadores Autônomos na LCP 214/2025: o que muda com a Reforma Tributária

Transportadores Autonomos na LCP 2142025 o que muda com a Reforma Tributaria

Tempo de leitura: 4 minutos

Com a promulgação da Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta os novos tributos IBS e CBS, o setor de transporte — especialmente os transportadores autônomos — passou a contar com um regime específico e simplificado de tributação. Essas mudanças têm impacto direto sobre a forma como esses profissionais recolhem tributos e interagem com a nova estrutura do sistema tributário nacional.

O que são transportadores autônomos?

Transportadores autônomos são pessoas físicas que prestam serviços de transporte rodoviário de cargas ou passageiros sem vínculo empregatício. Trata-se de uma categoria que já possui tratamento diferenciado em diversas legislações devido à sua relevância econômica e às peculiaridades da atividade, como o uso de veículo próprio e os altos custos operacionais.

Novo regime específico para transportadores autônomos

A LCP 214/2025, em seu Capítulo VIII, cria um regime específico para transportadores autônomos de cargas e de passageiros, conforme autorizado pelo art. 156-A, §6º, inciso VI da Constituição Federal (introduzido pela EC 132/2023). Esse regime tem como objetivos principais:

Como funciona o regime

De acordo com a LCP 214, o regime para transportadores autônomos apresenta as seguintes características principais:

1. Tributação concentrada na fonte

O IBS e a CBS incidentes sobre os serviços prestados pelos transportadores autônomos poderão ser recolhidos pelo contratante do serviço, que será considerado responsável tributário. Isso desobriga o autônomo da apuração e recolhimento mensais dos tributos.

2. Alíquotas reduzidas

A lei prevê a possibilidade de alíquotas específicas e mais baixas para essa categoria, considerando sua condição de pessoa física e a natureza essencial do transporte.

Redução da base de cálculo da CBS e do IBS

Os transportadores autônomos (pessoa física) terão direito à redução da base de cálculo do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), conforme previsto na Lei Complementar nº 214/2025.

O que diz a LCP 214/2025:

O artigo 145 da LCP 214/2025 trata dos regimes específicos de tributação, e no inciso III, alínea “a”, está previsto que:

"Na prestação de serviços de transporte de cargas realizada por pessoa física (transportador autônomo), a base de cálculo do imposto e da contribuição corresponderá a 20% do valor da operação."

Comparação com o regime anterior:

No sistema atual (antes da reforma), o transportador autônomo está sujeito a:

Com a Reforma:

Exemplo prático:

Um transportador autônomo que emite um RPA ou nota fiscal de R$ 10.000,00:

Observação:

Esse benefício é automático, mas pode ser revogado se o transportador optar por outro regime ou se enquadrar em outra forma de apuração.

3. Vedação ao creditamento pelo prestador

O transportador autônomo, ao optar por esse regime simplificado, não poderá se creditar dos tributos pagos nas aquisições de bens e serviços relacionados à sua atividade.

4. Apropriação de crédito pelo tomador do serviço

O contratante do serviço (quando pessoa jurídica) poderá aproveitar os créditos do IBS e da CBS normalmente, o que garante neutralidade econômica para quem contrata o autônomo.

Comparativo: antes e depois

Aspecto Regime anterior (ISS/PIS/COFINS) Regime novo (IBS/CBS - LCP 214)
Recolhimento Pelo próprio autônomo Pelo contratante do serviço (em regra)
Alíquota Varia entre municípios e setores Específica e reduzida para autônomos
Obrigações acessórias Emissão de nota, apuração e guia Simplificação via substituição tributária
Direito a crédito Não aplicável Tomador do serviço pode aproveitar crédito

Por que isso importa?

O transporte autônomo representa uma parcela significativa da logística brasileira, especialmente no setor rodoviário. A simplificação tributária tende a:

Conclusão: oportunidade para regularização e competitividade

Com a LCP 214/2025, os transportadores autônomos ganham um tratamento tributário mais compatível com sua realidade. A mudança é uma oportunidade para ampliar a formalização, reduzir litígios e integrar esses profissionais ao novo sistema de forma mais eficiente. Para contratantes, a previsibilidade e o direito ao crédito garantem segurança jurídica nas operações com autônomos.

Leia: Como Fica a Tributação Sobre Energia Elétrica Com a Reforma Tributária?


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