Crítica de Manas, filme nacional dirigido por Marianna Brennand

O tráfico e exploração infantis não são um tema fácil de tratar. Porém, são assuntos que devemos falar, sim. E foi exatamente por isso que a cineasta Marianna Brennand ficou mais de uma década trabalhando em Manas (2024), que estreia agora nos cinemas do Brasil.

 

Quando tinha apenas a ideia da história, ela viajou por festivais, passou por mercados de cinema, fez laboratórios de escrita e falou com pessoas, até conseguir parceiros do calibre dos irmãos Dardene e Walter Salles. Com um histórico de documentários, Marianna iniciou o projeto pensando em fazer mais uma reportagem. Porém, neste formato ela não ia poder mostrar o que sofrem estas meninas. A solução foi deixar o documental para trás e fazer sua estreia na ficção, mas sem deixar para trás as verdades que descobriu durante as pesquisas.

 

Em sua busca por elenco, a diretora visitou cidades ribeirinhas e foi peneirando não-atores para trabalharem ao lado de nomes conhecidos, como Rômulo Braga e Dira Paes. Dira, aliás, é paraense como a protagonista Marcielle/Tielle (Jamilli Correa) e também esteve envolvida no projeto desde o início. Sua personagem, Aretha, é inspirada em duas pessoas muito importantes na região, a irmã Marie Henriqueta e o delegado Rodrigo Amorim, que trabalham na Ilha do Marajó.

 

Na trama do filme, Marcielle é uma jovem de 13 anos que sonha em sair de casa, seguindo os passos da irmã mais velha. Isso enquanto brinca com os irmãos mais novos e também tem que ajudar a mãe na casa. Outra obrigação é ajudar nas finanças da casa, e lá vai ela para as balsas vender o açaí colhido pela família. Na embarcação, porém, coisas acontecem. E não é só lá. Em sua casa também.

 

Para não expôr seu elenco infantil à mesma violência que estava denunciando, Marianna trabalhou o elenco para demonstrar sentimentos, sem falar de motivos para senti-los. Assim, Manas mostra a exploração sexual sem mostrar sexo, nem sensualizar. Ao contrário, o que se sente ao ver o filme é uma tensão palpável. Chega a lembrar a pescaria com timbó praticada pelos indígenas da região amazônica, em que uma toxina é jogada na água e deixa o peixe temporariamente paralisado.

 

O drama pessoal de Tielle e de outras meninas da região, a ótima atuação de Jamilli e o cenário natural do Amazonas tão lindamente fotografado vêm chamando atenção em festivais mundo afora. A estreia aconteceu no prestigioso Festival de Veneza, onde Manas foi exibido na Jornada dos Autores, e Marianna acabou ganhando o prêmio de Melhor Direção. E agora, enquanto o filme estreia aqui no Brasil, a cineasta está novamente na Europa, desta vez no Festival de Cannes, onde recebe o prêmio Women in Motion Emerging Talent, dedicado a mulheres em início de carreira, ajudando-as a conseguir produzir seus próximos projetos. Estaremos lá para assisti-lo.

Manas

Manas

Ano: 2024

País: Brasil

Duração: 101 min

Direção:

Marianna Brennand

Onde assistir:

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