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CFM coloca a homeopatia sob o microscópio: webinar debate evidências científicas, segurança, aplicabilidade clínica e o futuro da especialidade no Brasil

Profissionais em conferência discutindo homeopatia sob microscópio CFM com elementos científicos

Tempo de leitura: 5 minutos

Conselho Federal de Medicina promove webinar inédito para analisar criticamente a produção científica global e os desafios da homeopatia, reafirmando seu valor humanista.

O debate sobre a homeopatia no cenário médico ganhou um novo capítulo. O Conselho Federal de Medicina (CFM) realizou um evento crucial para mergulhar nas evidências científicas que sustentam essa especialidade, buscando clareza e fundamentação.

Médicos, pesquisadores e conselheiros se reuniram para uma análise crítica, abordando desde estudos experimentais até revisões sistemáticas. O encontro visa não apenas discutir a ciência, mas também combater preconceitos e desinformações sobre a prática.

Essa iniciativa marca o início de uma série de discussões importantes, reafirmando o compromisso do CFM com a ética e a ciência na medicina, conforme informações divulgadas pelo próprio Conselho Federal de Medicina (CFM).

O Debate Essencial sobre a Homeopatia no CFM

A abertura do I Webinar de Homeopatia do CFM contou com a presença de figuras importantes. O presidente em exercício do CFM, conselheiro federal Emmanuel Fortes, e o coordenador da Câmara Técnica de Homeopatia, conselheiro federal Francisco Eduardo Cardoso Alves, lideraram a discussão.

Emmanuel Fortes sublinhou a relevância da homeopatia como uma especialidade reconhecida. Ele enfatizou seu caráter humanista, que resgata a escuta qualificada e o cuidado individualizado na relação médico-paciente, aspectos muitas vezes perdidos na medicina moderna.

Fortes também destacou que o CFM acompanha o debate internacional. A autarquia defende a manutenção da homeopatia entre as especialidades médicas, especialmente diante das críticas que a área tem enfrentado.

Francisco Cardoso, por sua vez, ressaltou que este é o primeiro de muitos encontros. O objetivo principal é discutir a homeopatia com seriedade, ética e base científica, dissipando preconceitos e desinformações.

“Queremos mostrar à comunidade médica e à sociedade que há um corpo significativo de estudos e evidências a respeito da prática homeopática”, afirmou Cardoso, evidenciando a busca por reconhecimento e compreensão.

Evidências Experimentais e o Panorama da Pesquisa

A programação científica aprofundou-se com a mesa-redonda “Estudos experimentais em homeopatia (quantitativos)”. O professor Marcus Zulian apresentou um panorama detalhado das pesquisas e evidências experimentais.

Zulian explorou a trajetória histórica da homeopatia, desde suas origens até o acúmulo de pesquisas nas últimas décadas. Ele mencionou o “Dossiê Evidências Científicas em Homeopatia” do CRM-SP e o e-book “Homeopatia não é efeito placebo. Comprovação das evidências científicas em homeopatia”.

O palestrante enfatizou a existência de experimentos robustos. Estes incluem estudos em células, plantas e animais, além de ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas que indicam efeitos específicos das preparações homeopáticas, indo além do simples placebo.

Zulian também conectou o princípio da similitude terapêutica da homeopatia com o conceito de “efeito rebote” da farmacologia moderna. Ele sugere que há um crescente conjunto de dados que correlaciona os pressupostos clássicos da homeopatia com mecanismos da medicina convencional.

Homeopatia como Terapêutica Médica: Revisões e Segurança

Em seguida, o professor Flávio Dantas abordou a “Homeopatia como terapêutica médica: o que nos informam as revisões sistemáticas e as metanálises”. Ele fez uma análise crítica da produção e divulgação da literatura científica.

Dantas apontou vieses de publicação, como a maior visibilidade de estudos com resultados negativos, e questionou o uso seletivo de critérios de evidência. Ele levantou questões centrais sobre a homeopatia: “o medicamento produz efeitos biopsicológicos? É seguro? É eficaz?”.

A partir dessas perguntas, o professor analisou estudos de diversos níveis de evidência. Ele destacou, em especial, o bom perfil de segurança dos medicamentos homeopáticos, um ponto crucial para a aceitação da prática.

O palestrante defendeu uma visão mais abrangente da “medicina baseada em evidências”. Esta visão deve considerar não apenas a validade interna dos estudos, mas também sua aplicabilidade clínica, os valores e preferências dos pacientes, e o julgamento profissional do médico.

Para Dantas, exigir o mais alto nível de evidência apenas para alguns tratamentos, enquanto se flexibiliza para outros, cria distorções significativas no debate científico sobre a homeopatia e outras práticas.

O Futuro da Homeopatia: Aplicação e Comunicação

Ao final da mesa-redonda, membros da Câmara Técnica de Homeopatia concordaram que, com o volume de pesquisas existentes, o desafio é avançar na aplicação clínica. Também é vital aprimorar a formação médica e a comunicação com a sociedade.

Houve um consenso claro de que a persistência da homeopatia por mais de 200 anos em diversos países é um indicativo. A prática oferece respostas percebidas como efetivas por muitos pacientes, o que reforça a necessidade de uma análise séria e desapaixonada dos dados disponíveis.

O Webinar de Homeopatia do CFM foi transmitido ao vivo e está disponível no YouTube. A iniciativa faz parte de uma agenda mais ampla do CFM, focada no diálogo com as especialidades médicas e no aprofundamento das discussões sobre evidências científicas e atuação ética na medicina.

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