Jovens “Nem-Nem” no Brasil: Uma Geração entre a Aspiração e a Apatia

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O Brasil se encontra em uma posição alarmante quando se trata de jovens que não estudam nem trabalham, os chamados "nem-nem". Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país ocupa o segundo lugar no ranking de nações com o maior número de jovens entre 18 e 24 anos nessa situação, ficando atrás apenas da África do Sul. A porcentagem de jovens "nem-nem" no Brasil aumentou de 31% em 2022 para 36% em 2023, evidenciando uma tendência preocupante.

Discrepância entre Aspiração e Ação

Uma característica marcante dessa parcela da população jovem é a grande discrepância entre aspiração e ação. Muitos expressam o desejo de mudar o mundo, um anseio aparentemente mais forte do que em gerações anteriores. No entanto, a apatia e a preguiça que os acometem parecem ser ainda maiores, neutralizando qualquer aspiração à mudança. A geração Z, em particular, demonstra uma combinação curiosa de características antagônicas, como criatividade e desinteresse, empoderamento e vitimismo.

A Geração da Culpa

Esses jovens, muitas vezes descritos como carentes de inteligência emocional e com dificuldade de lidar com os próprios sentimentos, são também caracterizados por uma baixa taxa de ativação efetiva. Querem muito, mas fazem pouco. Esse comportamento pode ser atribuído, em parte, à criação recebida. Muitos foram criados por pais ausentes que tentaram compensar sua falta mimando os filhos e convencendo-os de que são especiais a ponto de não precisarem fazer esforço para obter o que desejam.

Descrença no Esforço Próprio

Diferentemente de gerações passadas, que viam a dedicação e a persistência como meios de mudança de vida, os jovens de hoje não creem mais no esforço próprio como gerador de recompensa. Essa descrença é alimentada pela convicção de que o mundo, assim como os pais, lhes deve algo. Como resultado, muitos acreditam que tudo o que desejam deve ser entregue a eles sem que precisem fazer qualquer esforço.

Inteligência Artificial e Renda Básica Universal

Enquanto a apatia aprisiona quase quatro a cada dez jovens, a sociedade contemporânea enfrenta o avanço acelerado da inteligência artificial. Esse avanço tem otimizado processos, reduzido a necessidade de presença humana e extinguido diversas profissões. Nesse cenário, a introdução da renda básica universal surge como uma possibilidade, podendo tornar as próximas gerações ainda mais dependentes de um Estado que alega agir em seu melhor interesse.

Conclusão

A situação dos jovens "nem-nem" no Brasil é um reflexo de uma geração que se encontra entre a aspiração e a apatia. A descrença no esforço próprio, aliada ao avanço da tecnologia e às discussões sobre renda básica universal, coloca em questão o futuro desses jovens e o papel da sociedade e do Estado em sua formação e integração produtiva. É imperativo buscar soluções que revertam essa tendência e incentivem a ativação efetiva, a inteligência emocional e a crença no esforço como meio de alcançar objetivos.

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