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Saiba como funcionava a criação de créditos inexistentes, quem participava do esquema, como os papéis eram colocados em circulação e por que o caso atingiu o Banco Master
O esquema que levou à prisão de figuras ligadas ao setor financeiro envolvia a produção e a circulação de títulos que, na prática, não correspondiam a dívidas reais.
Esses papéis eram apresentados como recebíveis válidos, vendidos ou cedidos a instituições financeiras, o que permitia a entrada de recursos como se fossem ativos legítimos.
Conforme informação divulgada pelo Metrópoles e pelo Valor, a apuração mostrou que documentos e empresas de fachada foram usados para dar aparência legal aos créditos vendidos ao BRB.
Como eram fabricados os créditos
Em linhas gerais, o processo começava com a emissão de documentos que simulavam operações comerciais, como duplicatas, notas promissórias ou contratos de fornecimento, embora a obrigação não existisse de fato.
Esses documentos eram registrados ou organizados em pacotes que pareciam representar carteiras de recebíveis, o que facilitava a valorização e a negociação dos papéis no mercado.
Na prática, a fabricação dependia da criação de histórico documental e contábil, e muitas vezes do uso de empresas de fachada, com pouca ou nenhuma atividade real, para servir de emissoras ou cedentes dos créditos.
Como os papéis chegavam ao BRB
Os créditos assim montados eram oferecidos a compradores institucionais, e, segundo as reportagens, o BRB acabou adquirindo lotes que foram apresentados como lastreados e líquidos.
Para convencer compradores, intermediários e agentes envolvidos exibiam contratos, notas fiscais e outros registros, em muitos casos com assinatura e validação formal, mesmo quando não havia contraparte econômica verdadeira.
O resultado era que bancos e fundos tratavam esses ativos como instrumentos financeiros legítimos, liberando recursos que, na realidade, eram destinados a estruturar ou sustentar outras operações do próprio grupo envolvido.
O papel do Banco Master e de Vorcaro
No caso apurado, nomes ligados ao Banco Master, inclusive seu controlador, passaram a ser alvo das investigações, em razão da relação com empresas e operações citadas nas transações.
Relatos públicos apontam que a exposição institucional do Banco Master e de seus controladores atraiu atenção por causa da articulação entre estruturas societárias e a colocação dos créditos no mercado.
Conforme noticiado, a investigação resultou em medidas de prisão e buscas, e as autoridades seguem analisando fluxos financeiros e operações correlatas para distinguir ativos legítimos de instrumentos fraudados.
Consequências e desdobramentos da investigação
O reconhecimento de que créditos vendidos a um grande comprador podiam ser fictícios gera impactos diretos na confiança entre instituições, e aciona apurações cíveis e criminais.
Além das medidas cautelares e prisões apontadas nas reportagens, as apurações buscam reconstituir o destino dos recursos e a responsabilização civil e criminal dos envolvidos.
Para credores, clientes e reguladores, o caso reforça a necessidade de diligência reforçada na verificação de lastros, origem documental e integridade das contrapartes em operações de compra de recebíveis.
As informações acima foram compiladas a partir das reportagens publicadas pelo Metrópoles e pelo Valor, que trazem detalhes sobre o esquema e os desdobramentos das investigações.
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