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No Natal no zoológico, os suricatos Adi e Oto oferecem uma visão bem-humorada e filosófica das festividades, dos presentes especiais e da própria existência do Papai Noel.
A atmosfera natalina, com suas luzes e cores vibrantes, tem o poder de transformar até os ambientes mais inusitados, incluindo os recintos de um zoológico. Para os animais, essa época do ano pode ser uma mistura de novidade e, para alguns, uma oportunidade de sossego.
Mas como os moradores dessas instituições percebem essa celebração tão humana? A resposta pode ser surpreendente e cheia de charme, especialmente quando vista pelos olhos de dois suricatos muito peculiares, com personalidades que contrastam de maneira divertida.
Em um zoológico europeu, Adi e Oto protagonizam um diálogo divertido e reflexivo sobre o Natal no zoológico, seus rituais e a figura do Papai Noel, conforme narra o escritor e jornalista Edison Veiga.
A Perspectiva Animal Sobre o Brilho Natalino
Para Adi, o inverno é uma bênção. Menos visitantes significam menos interrupções à sua rotina de sestas. A escuridão expandida é um convite para emendar uma soneca na outra, mas essa tranquilidade é quebrada pela curiosidade de Oto, que aponta para as luzinhas coloridas que enfeitam o ambiente.
“Adi, Adi: veja! Que lindo! Mas por que o caminho, as árvores, por que está tudo cheio de luzinhas coloridas?”, questiona Oto, enquanto Adi, sonolento, responde: “Não sei, Oto. Vai ver é que os humanos têm medo do escuro. Boa noite.” Oto, porém, insiste: “Não parece medo. Parece é esperança.”
O Papai Noel Chega ao Recinto dos Suricatos
A chegada do tratador, vestido com uma roupa vermelha pesada, gorro e uma barba falsa, é o ponto alto da celebração. Oto, inquieto, começa a gargalhar ao reconhecer a figura: “Ah, hoje é Natal!”, comemora o animal, contagiado pela magia.
Adi, com seu pragmatismo habitual, rebate: “Todo dia é hoje para quem vende coisa.” Mas Oto logo se lembra do principal atrativo para a bicharada: a comida especial de Natal no zoológico, que promete iguarias além dos insetos habituais, como escorpiões, aranhas graúdas e até cobrinhas.
O Verdadeiro Presente de Natal: Comida e Existência
A expectativa de uma refeição diferente faz Oto salivar, mas Adi mantém sua visão cética sobre o feriado. “Natal é comer. E comer é tudo a mesma coisa. Mas aí os humanos colocam uma roupa diferente, falam ho-ho-ho, fazem umas tais piadinhas do pavê, botam uva-passa em tudo e ficam achando que a mesma coisa está diferente.”
Em um momento de reflexão, Oto questiona: “Papai Noel é que nem Deus?” Adi, com sua sabedoria peculiar, responde: “Acho que tem mais barba.” E ao ser indagado sobre a existência do Papai Noel, ele filosofa: “Existe quando alguém olha. Igual quase tudo.” Essa resposta faz os olhinhos de Oto piscarem, brilhantes com as luzinhas do entorno.
O Silêncio do Inverno e a Esperança Sussurrante
Enquanto Oto se delicia com a ideia de que a existência depende do olhar, prometendo “ficar olhando bastante”, Adi anseia pelo fim do expediente do zoológico. Ele mal pode esperar para que as musiquinhas natalinas sejam desligadas, e o silêncio sepulcral do inverno europeu volte a reinar, seu verdadeiro presente de Natal no zoológico.
Com o fechamento antecipado em dezembro, os últimos visitantes saem, e a iluminação se apaga. Oto, satisfeito, fecha os olhos, sonhando com as ideias iluminadas pelos pisca-piscas. Adi, por sua vez, bufa, apreciando o silêncio conquistado. “Pelo menos”, ele murmura, “nesta época do ano até a esperança sussurra baixinho.”
Contudo, antes que Adi pudesse cair no sono, Oto o cutuca com uma última pergunta: “Adi, será que amanhã ele volta?” Com um suspiro profundo, Adi responde: “Oto, amanhã ele vira liquidação.” A resposta não desanima Oto, que, ao entrar em sua toca, ainda exclama em voz alta: “Então ele existe mesmo!” Adi, fiel ao seu estilo, não respondeu.