Fé, Crime e Estado: Uma Análise da Realidade Brasileira no Século 21

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No cenário contemporâneo brasileiro, a fé e o crime emergem como forças predominantes que ocupam espaços deixados pelo Estado, uma realidade que é meticulosamente desvendada pelo jornalista e pesquisador Bruno Paes Manso em seu novo livro "A Fé e o Fuzil: Crime e Religião no Brasil no Século 21".

A Ascensão da Fé Evangélica

O livro, apresenta uma análise profunda da rápida ascensão da fé evangélica no Brasil, que passou de representar 4% da população nos anos 1960 para um número expressivo de fiéis atualmente, com mais de 178 mil templos espalhados pelo país. Manso destaca que essa expansão não se deu apenas através da formação de redes de apoio nas periferias, mas também por meio de uma tentativa consciente de criar sentido e ordem em áreas marcadas pela desorganização e violência.

O Papel do Crime Organizado

Paralelamente à expansão religiosa, Manso explora o mundo do crime organizado, destacando a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) na criação de regras para a criminalidade e na promoção de uma certa "ordem" em meio ao caos. O livro também aborda a complexa relação entre fé e criminalidade, mostrando como a religião pode tanto afastar indivíduos do crime quanto ser incorporada às atividades ilegais, como é o caso em algumas áreas do Rio de Janeiro.

Histórias de Vida e Transformação

Manso não se limita a apresentar estatísticas e análises frias; ele dá voz a indivíduos que encontraram na fé uma forma de renascimento, uma oportunidade de se afastar do mundo do crime e buscar uma nova consciência através da religião. O livro traz depoimentos tocantes de pessoas que, impulsionadas por novas crenças, conseguiram mudar o curso de suas vidas.

Reflexões sobre o Futuro

Ao final da obra, o autor reflete sobre a conjunção entre fé, crime e economia informal, destacando a intensa busca por dinheiro e sobrevivência em um mundo cada vez mais desfavorável. Manso encerra com uma nota de esperança, tomando emprestada a ideia de "adiar o fim do mundo" de Ailton Krenak, como uma maneira de enfrentar o pessimismo e buscar possíveis saídas para a complexa realidade brasileira.

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