Tempo de leitura: 3 minutos
Fundo Soberano da Noruega freia investimentos em data centers: entenda a cautela bilionária e os riscos do setor de tecnologia
O Fundo Soberano da Noruega, o maior do mundo e avaliado em impressionantes US$2 trilhões, está adotando uma postura de cautela em relação aos investimentos em data centers.
A decisão reflete uma preocupação com a volatilidade inerente a este segmento do mercado de tecnologia, que, apesar de promissor, apresenta riscos que o fundo busca mitigar.
Essa reavaliação faz parte de uma nova estratégia imobiliária global, conforme informações divulgadas pela Reuters.
A cautela com os investimentos em data centers
Alexander Knapp, o recém-nomeado chefe de investimentos imobiliários da Norges Bank Investment Management (NBIM), gestora do fundo, afirmou que não há planos concretos para investir diretamente em data centers. Embora o fundo já possua participações em empresas que operam esses centros, a aposta direta é vista com ressalvas.
Knapp destacou a abordagem prudente do fundo, explicando que eles tentam ser cautelosos em sua metodologia, especialmente com setores voláteis. O objetivo principal é realizar investimentos que aumentem os retornos do fundo como um todo, sem assumir riscos indevidos, um princípio fundamental para a gestão de um capital tão vasto.
Apesar da UBS prever uma demanda robusta para a construção de data centers, impulsionada por gigantes como Microsoft, Amazon e Google, que constroem infraestrutura para apoiar o desenvolvimento da Inteligência Artificial, há uma preocupação latente. Alguns investidores temem que esse crescimento possa ser excessivamente rápido, insustentável e sujeito a interrupções abruptas.
Nova estratégia imobiliária e busca por diversificação
A NBIM lançou uma nova estratégia imobiliária que visa expandir sua atuação para além das principais cidades da Europa Ocidental, dos Estados Unidos e do Canadá. Essa mudança pode significar um investimento direto no aquecido mercado de imóveis para aluguel, que já atrai outros grandes competidores.
O fundo pretende desenvolver um portfólio mais amplo, com mais oportunidades e possibilidades de diversificação. Anteriormente, a parte privada de seu portfólio imobiliário concentrava-se em apenas dez cidades globais, incluindo Tóquio, Nova York e Londres. Agora, a estratégia é geograficamente mais abrangente, buscando bons locais sem se limitar a cidades específicas.
Além disso, o fundo planeja integrar totalmente os investimentos imobiliários públicos e privados. Isso significa que a NBIM avaliará se deve investir adquirindo uma participação direta em um imóvel ou investindo em uma empresa imobiliária listada em bolsa. No futuro, o fundo também poderá adquirir imóveis residenciais, incluindo moradias estudantis, um segmento consolidado do mercado.
Desempenho abaixo do esperado e os desafios do setor
Em uma carta de 3 de novembro ao Ministério das Finanças da Noruega, a NBIM expressou insatisfação com os resultados da gestão imobiliária, que teve desempenho inferior às suas participações em ações e títulos. O fundo está implementando mudanças significativas na estratégia para reverter esse cenário.
Dados do fundo revelam que, no primeiro semestre de 2025, o setor imobiliário registrou um retorno de apenas 1,8%. Esse valor contrasta fortemente com os 6,7% obtidos pelas ações e os 3,3% dos títulos. Os investimentos diretos em imóveis totalizavam US$36,09 bilhões em 30 de junho, representando 1,86% do valor total do fundo.
A parte não cotada do portfólio imobiliário apresentou um retorno de 4,0% no primeiro semestre de 2025, enquanto os investimentos em imóveis cotados renderam -0,5%. Esses números reforçam a necessidade de uma reestruturação e de uma abordagem mais cautelosa em setores de alta volatilidade, como os investimentos em data centers, para garantir a sustentabilidade e o crescimento do patrimônio norueguês.