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Num mundo inundado de informações e tecnologias, a educação dos filhos exige muito mais que diálogo constante. O psicólogo Leo Fraiman ressalta que aplicar uma democracia irrestrita no ambiente familiar pode comprometer o desenvolvimento emocional das crianças. Ele defende o protagonismo dos pais — com autoridade e amor — como essencial para formar adultos resilientes. Neste texto, exploramos os argumentos de Fraiman, trazendo insights práticos para uma educação equilibrada e eficaz.
Por que a “democracia plena” falha na educação?
Fraiman alerta que nem todas as decisões familiares devem ser discutidas em “democracia”. Segundo ele, o córtex pré-frontal, responsável por avaliar consequências e tomar decisões conscientes, só amadurece depois dos 25 anos. Até lá, os pais precisam assumir o papel de norteadores.
“Democracia o tempo todo não funciona, muito menos com educação.”
Autoridade Com Amor: Um Equilíbrio Delicado
Impor limites não é sinônimo de autoritarismo. Fraiman destaca que a autoridade precisa vir acompanhada de afeto genuíno — não de uma necessidade de aprovação dos filhos.
“O pai aguenta ser odiado pelo filho porque ele é movido por um tal amor que ele não está ‘migalhando’ afeto, desesperado por ser amado pelo filho.”
Limites no Uso da Tecnologia: Um Exemplo Prático
No exemplo citado por Fraiman, surge um diálogo que ilustra bem essa abordagem:
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Criança: “Quero ficar com o celular à noite.”
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Pai: “Não vai. Nesta casa, quem manda sou eu… Você pode desligar agora ou daqui a dois minutos.”
Esse posicionamento demonstra clareza, firmeza e proteção — valores fundamentais na educação.
A “Síndrome do Imperador”: quando a ausência de limites prejudica o desenvolvimento infantil
Fraiman identifica um quadro preocupante: crianças que nunca aprendem a dividir, esperar, ceder ou lidar com frustrações tendem a desenvolver comportamentos egocêntricos. Ele as chama, de forma bem-humorada, de "imperadoras", com as seguintes características — os “10 Is”:
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Ingrata
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Insatisfeita
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Irritada
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Inadequada
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Imatura...
Esse conjunto não fere apenas o convívio social, mas “aleija o cérebro da criança”, segundo o psicólogo.
Fraiman ainda compara o desenvolvimento cerebral ao de um músculo: só se fortalece com estímulos. A ausência de frustrações e desafios impede esse fortalecimento.
Educação Além do Vestibular: Competências Socioemocionais Como Base da Formação
Fraiman também destaca que o sucesso escolar e pessoal vai muito além do acúmulo de conteúdo. Ele defende uma educação que desenvolva empatia, perseverança, disciplina e projetos de vida — competências que impactam diretamente o rendimento acadêmico e a saúde mental dos alunos.
“Às vezes um aluno não aprende matemática… não porque ele é burro… mas porque ele não tem perseverança, determinação, disciplina.”
Conclusão: Autoritarismo Consciente e Afetuoso é a Chave
A “democracia plena” sem limites pode levar ao descontrole emocional e à dificuldade de adaptação em um mundo complexo. Por outro lado, impor limites com responsabilidade e amor prepara crianças para lidar com desafios, aprender a esperar e desenvolver resiliência.
Seu papel como educador é caminhar no limiar entre respeito e direção — saber quando escolher, quando impor e, acima de tudo, quando amar. Afinal, educar não é agradar — é preparar.
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