Jucesp Revoga Sigilo de Dividendos: Empresas Temem Exposição de Dados Financeiros com Novo Imposto Mínimo

Jucesp Revoga Sigilo de Dividendos: Empresas Temem Exposição de Dados Financeiros com Novo Imposto Mínimo

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Jucesp muda regra e retira sigilo de atas de dividendos, aumentando preocupações com nova tributação

A Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) anunciou uma mudança significativa em sua política, revogando a permissão para que documentos anexos às atas de deliberações sobre dividendos fossem mantidos em sigilo. A decisão, comunicada recentemente, altera o status de informações antes consideradas sensíveis para documentos de acesso público.

Anteriormente, a Jucesp permitia que dados considerados confidenciais pudessem ser ocultados. No entanto, em um novo comunicado, a junta declarou que todas as informações contidas nas atas e seus anexos, relacionadas à distribuição de lucros e dividendos, serão agora tratadas como documentos públicos. A responsabilidade sobre quais dados incluir, no entanto, recai sobre quem apresenta a documentação.

Essa alteração de regra surge em um momento de grande atenção para o mercado financeiro, especialmente com a iminente implementação da Lei nº 15.270 de 2025, que prevê a cobrança de um Imposto Mínimo de até 10% sobre remessas de dividendos que ultrapassem R$ 50.000 mensais, para distribuições aprovadas após 31 de dezembro de 2025. Conforme informação divulgada pela Jucesp, essa mudança de política visa adequar-se ao novo cenário tributário.

Impacto da Nova Legislação Tributária

A nova legislação tributária, com o Imposto Mínimo sobre dividendos, tem gerado um movimento de antecipação por parte de muitas companhias. A deliberação sobre a distribuição de lucros, que tradicionalmente ocorre até abril do ano seguinte à apuração, conforme permitido pela Lei das S.A. (nº 6.404 de 1976), está levando empresas a acelerarem o fechamento de seus balanços.

O objetivo é evitar a incidência da nova taxa, mesmo com uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques, que permitiu a isenção até 31 de janeiro de 2026. Contudo, a aprovação de lucros e a subsequente divulgação de atas com dados financeiros antes do fechamento oficial dos balanços podem expor informações estratégicas de diversas companhias.

Orientação da Jucesp para Apresentação de Documentos

Diante desse cenário, a Jucesp estabeleceu uma nova orientação para a apresentação de documentos. A junta agora exige que todos os detalhes sobre a distribuição de lucros e dividendos, incluindo os anexos às atas, sejam considerados públicos. Essa medida visa garantir a transparência no processo, mas levanta questionamentos sobre a confidencialidade de dados empresariais sensíveis.

Empresas que estão em processo de aprovação de dividendos e que se enquadram nos critérios da nova lei de Imposto Mínimo devem estar atentas às implicações dessa decisão. A Jucesp, ao tornar públicos os anexos das atas, espera que as companhias avaliem cuidadosamente a inclusão de informações que possam ser consideradas estratégicas ou confidenciais.

O Que Muda Para as Empresas?

A decisão da Jucesp representa um **alinhamento com a transparência pública**, mas também coloca as empresas em uma posição delicada. A necessidade de divulgar informações detalhadas sobre a distribuição de lucros pode impactar a forma como as companhias planejam suas finanças e estratégias de remuneração aos acionistas. A **exposição de dados financeiros** pode ser um ponto de atenção para a concorrência e o mercado em geral.

A orientação da junta é clara: as informações sobre lucros e dividendos, constantes na ata e em seus anexos, serão consideradas documentos públicos. Cabe agora aos responsáveis pela apresentação dos documentos a decisão sobre quais informações serão efetivamente incluídas, mas a natureza pública dos dados já está definida, impactando diretamente as empresas que buscam otimizar a distribuição de seus lucros sob o novo regime tributário.

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